Capítulo 7

Toro e Zamora

Jose Antonio Pascual

Atardecer después de la tormenta

Colección La Photo

Já falta pouco tempo para chegarmos ao ponto de encontro do Douro com Portugal. Duas cidades monumentais erguem-se na margem acariciando as suas águas: Toro e Zamora. A estas terras chegou o escritor Suso de Toro para recuperar a memória perdida do seu avô Faustino. A sensação de estranheza que se sente quando se irrompe pela autenticidade da vida rural é partilhada com o leitor nas páginas de Siete Palabras. Suso de Toro conduz um automóvel. Um pastor que se aquece à fogueira no meio da charneca. Eis a passagem, uma reflexão genial acerca da visão do forasteiro, da ética e do facto de fotografar..

Jose Antonio Pascual

Ramiro y sus ovejas

Fontanillas de Castro (Zamora)

Colección La Photo

«Estás prestes a parar o automóvel, a pegar na máquina fotográfica que tens na mochila e a sair para o fotografares. Sentes-te repugnado contigo mesmo, sabes que é uma total falta de respeito, que o estás a desrespeitar, a profaná-lo. Reconheces nele mais essência humana, mais realidade que em ti. Inveja-lo, tem algo que tu não tens mesmo que quisesses, o que o inocente, o selvagem, tem. Existe, e está no centro do momento do mundo, e tu não existes, ou estás fechado num cárcere, vives diluído no ruído que te rodeia e que carregas dentro de ti. A sua realidade é que, se chove, molha-se, não tem abrigo confortável nem aquecimento e, se se descuida, um lobo ou um cão selvagem mata-lhe as ovelhas. É precisamente por isto que ele está ali, ele é uma realidade, a testemunha em como a vida é terrível. Se ele lá não estiver, alguém roubará e matará as ovelhas. Esta é a grande sabedoria do Pastor. E sabe-o porque as cria para ele próprio as matar».

Suso de Toro
Siete Palabras
Alianza Editorial, 2010

Luis Agromayor

Toro. Casa onde viveu Santa Teresa

Zamora. 1970-2005

Archivo Agromayor, IPCE, Ministerio de Cultura y Deporte

Luis Agromayor

Rio Douro à sua passagem por Zamora

Zamora. 1970-2005

Archivo Agromayor, IPCE, Ministerio de Cultura y Deporte

Ilustración de Marta Zafra

Não sabemos se o escritor atravessou a ponte de pedra para contemplar ao longe a Igreja da Colegiada. Aqui, a marca do vinho está patente por todos os cantos da cidade:

«A manhã em Toro é um universo tranquilo, um ritmo lento e provinciano. Caminhaste pela ruas e José vai-te indicando os palácios e as igrejas e assinalando os respiradouros das caves debaixo das casas da cidade. A cidade está esburacada, oca por baixo, e apenas por baixo das casas existem câmaras, agora vazias, onde se guardava o vinho, tinto e denso como o sangue. A cidade inteira é uma caixa de ressonância cheia de ecos».

Suso de Toro
Siete Palabras
Alianza Editorial, 2010

Jean Laurent

Toro. A catedral vista da rotunda

1860-1886

Archivo Ruiz Vernacci, IPCE,
Ministerio de Cultura y Deporte

Jean Laurent

Toro. A Torre do Relógio

1860-1886

Archivo Ruiz Vernacci, IPCE,
Ministerio de Cultura y Deporte

Jean Laurent

Plazuela del Bollo de Santos

1860-1886

Archivo Ruiz Vernacci, IPCE,
Ministerio de Cultura y Deporte

Toro.
A eternidade de um instante

Zamora

Allá en Castilla la Vieja
un rincón se me olvidaba,
Zamora había por nombre,
Zamora la bien cercada;
de una parte la cerca el Duero,
de otra, peña tajada;
del otro la morería.
Una cosa muy preciada,
quien os la tomare, hija,
la mi maldición le caiga.
Todos dicen amen, amen,
sino don Sancho, que calla.

Romance de Dona Urraca [Fragmento].
Anónimo

G. P. de Villa-Amil

Catedral de Zamora

Litografia de Bichebois e Bayot

Biblioteca Digital de Castilla y León

Luis Salvador

Lavandera a orillas del Duero

Aceñas de Cabañales (Zamora)

Colección La Photo

Niños en las barcas

Parque de los Tres Árboles (Zamora)

Colección La Photo

Indicando el camino

Puerta del Obispo (Zamora)

Colección La Photo

La despedida

Aceñas de Olivares (Zamora)

Colección La Photo

La riada del humor

Orillas del río Duero (Zamora)

Colección La Photo

Pontes de ferro

Ilustración de Marta Zafra

António Passaporte [Loty]

Zamora. As duas pontes de ferro sobre o Douro

1927-1936

Archivo Loty, IPCE, Ministerio de Cultura y Deporte

A casa do Cid

O estúdio itinerante do fotógrafo Jean Laurent, na sua contínua viagem por terras de Espanha, também se mudou para Zamora. Um homem aparece sentado em frente à porta da Casa do Cid, ocupando parte da muralha românica. Se fecharmos os olhos, poderemos imaginar a vista privilegiada sobre o rio Douro e retrocedemos aos tempos de Rodrigo Díaz de Vivar e Dona Urraca.

Jean Laurent

A Casa do Cid

Zamora. 1860-1886

Archivo Ruiz Vernacci, IPCE, Ministerio de Cultura y Deporte